domingo, 25 de outubro de 2009

Alegria


Por Deus julgo-me abençoada.
Pois qual será a maior graça?
Ter saúde, paz,
não conhecer desgraça.
Viver feliz e nunca
sentir-me amargurada?
Por certo já senti medo.
Tristeza, desassossego.
Mas sempre supero tudo.
Confesso não há rancores,
Nos momentos presentes
ou anteriores.
Talvez meu prêmio seja a alegria.
E minha missão nessa vida
É sempre leva-la comigo.
E se eu não conseguir
Por muito longe andar
Que eu possa pelo menos ensinar
A quem é hoje meu amigo.

Vida


Nessa escola que é a vida
Muito eu quero apreender.
Para ter mais tempo livre,
Se eu tiver que reviver.
Fazer muitos amigos.
Mil poemas escrever.
Amar-te eternamente,
Ver meu filho crescer.
Não errar, é impossível,
Mas que eu saiba perdoar.
Refazer caminhos tortos,
Prosseguir sem desviar.
E quando de outro plano,
O que passou analisar,
Não ter arrependimentos,
Nada para lamentar.

Viagem


Quem pode nessa vida
Do outro o caminho escolher?
Desejar que o que é bom para nós
Possa a ele parecer.
Se é quem amamos,
Por mais que possamos sofrer,
Cabe ter fé, pedir proteção.
Que ele saiba bem escolher.
Que tire algum proveito.
Que tudo saia perfeito.
Que não demore para voltar
E que deseje logo,
Ao nosso lado ficar.

Da janela


Da janela a vida eu vejo
nesse tempo a minha passa.
Analiso cada cena
pelo meio da vidraça.
Cada coisa é um verso,
cada cena um poema.
Mas cada dia que passa
cria-se um novo tema.
De todas as janelas que vejo
desta minha em que analiso,
há um outro que observa
seguindo sem improviso.
E cada coisa que está na rua
muda sem que pareça
desde cedo, bem cedo.
Até antes que anoiteça
Os que olham envelhecem,
mas com muita emoção
pois é pensando na vida,
que se renova o coração.

Sentimentos


Viver é sentir.
Sentimento é emoção.
É magia, luz divina.
Para quem vê com o coração.
Quem vive para sentir
Pode sofrer ou chorar,
Tudo pode ser muito intenso
Mas com certeza alguma lição vai tirar.
Pois a vida é feita de histórias
Que são registradas na alma.
Histórias felizes ou tristes
Marcas ou cicatrizes.
Amores e ódios,
Rancores e mágoas.
E uma oportunidade única
De escolher, apreenderE perdoar.

Filho


Meu menino está crescendo.
Tem suas próprias idéias,
expressa seus sentimentos,
está diferente a cada dia.
Nos seus olhos vejo
um homem de bom coração.
Alegre, divertido,romântico,
cheio de emoção.
Desejo-lhe um futuro brilhante.
E gostaria muito de poder conceder
em um toque, como mágica,
tudo o que ele pudesse querer.
Como não é assim que funciona.
Cada um deve seu caminho trilhar
dou a minha proteção
que sua luz sempre haverá de brilhar.

E a vida


Pois a vida
é o que a gente sente.
Pela família,
pelos amigos,
pelo trabalho,
por viver somente.
É o quanto a gente ama
e quanto sabe
ficar feliz,
aproveitar,
compartilhar.
E assim
sem cobrança
ou compromisso,amar.

Casamento


O casamento começou
com um decorado juramento:
até que a morte os separe.
Ou a vida os atrapalhe.
Na saúde e na doença.
Ou até a primeira desavença.
A aliança é o símbolo
de uma frágil união,
o que Deus uniu,
se o casal nessa hora não mentiu,
que seja eterno,que tenha amor,
paixão,uma doce relação.
Que o beijo seja
apaixonado e
transmita o que diz
o coração enamorado.
Resista ao tempo e
a todas as transformações.
Não deixe o cotidiano
derrotar as emoções.
Amém!

Família


Família
é diversidade,
aprendizado de vida
quase faculdade.
É desencontro e união,
teste de paciência,
reflexão.
Prova de amor,
segurança de tudo,
de crescimento,
de aliança,
de que a vida é assim.
Para viver e aprender.

Diferenças


Se os dias são claros ou chove,
Se a noite tem estrelas
ou é coberta de nuvens.
Se na mimosa as flores são
brancas e roxas.
Se o maior ser vivo é um fungo
E homem julga-se o melhor de todo mundo.
E a laranja dá o ano todo, o limão não.
E os chineses comem crisântemos e jasmins.
Os coelhos nascem sem pêlos.
Os filhotes do urso cinzento
nascem com meio quilo.
As girafas não se deitam para dar a luz.
A natureza responde:
Diferenças não são defeitos
Nem motivos para exclusão
ou preconceitos.

Morfologia


o poeta que me olha
não sonha meus sonhos
nem entende minha rimas
e sou mulhers
e sou meninase
penso como vento
se escrevo como chuva
e derramo sentimentos
em palavras
em poções
em porções
bem pequeninas

Mãos


O que as mãos revelam?
Revelam a idade,
as linhas da mão, fantasia, realidade
- revelam o futuro?
Nos riscos tortos ou interrompidosos
projetos inacabados,
o destino combinado e não cumprido.
Elas tocam e afagam,
maltratam e roubam.
As mãos transcrevem idéias
de uma mente inquieta.
Em outras horas batem a massa do bolo,
arrumam e limpam a casa.
Ajeitam os cabelos
na espera de um amor
que tarda.
As mãos são de mulher
que também ama
e é poeta.

Namorar


Namorar!
Que delícia que é!
Beijar, abraçar,
em qualquer lugar.
Beijo demorado,
abraço agarrado, carinhoso.
Namorar é dar presente bobo.
Fazer declaração de amor
prá todo mundo ouvir.
É conhecer, descobrir.
Brigar e fazer as pazes.
Falar tolices ao telefone,
não querer desligar.
Usar apelidos.
Dizer eu te amo mil vezes,por dia.
Mandar um e-mail por minuto
e torpedos nos intervalos.
Namorar é bom.
No cinema, antes e depois
e durante a aula.
É paixão, é tesão.
E quem disso tudo aprende a gostar.
Pode até ficar velho,ter filhos,
casar, descasar.
Vai sempre querer
ter alguém para amar.

Do saber de quem não sabe nada


Conheci um homem que
em saber, julgava-se o primeiro.
Suas verdades eram únicas
embora não fosse ateu.
Acreditava em alguém
que sabia mais - Deus.
Tinha um coração e acha-se cristão.
Adorava seu próprio conhecimento
e não enxergava dos outros
nenhum argumento.
Cruel em suas críticas
desferia seus pensamentos.
E com um sorriso doce
temperava seu arrependimento.
Arrependia-se às vezes,
sem nenhum constrangimento.
Das lições da vida,
que não leu
e não ganhou em testamento,
esqueceu de muitas.
Não reparou no amigo
que deixava de falar p
ara poupar seu sofrimento.
Não reparou no que ainda não sabe
mas que cruzou seu caminho
em busca de ensinamento.
Perdeu a chance de aprender
e mudar suas crenças,
Da vida o mais puro alimento,
amor e respeito às diferenças.

Tristeza


tristeza
énão saber amar
é só temer
tristeza é falta de beijo
e abraço
é não saber ser
não fazer laços
não correr
não gargalhar
tristeza é
não fazer nada
não viver
quando se pode
fazer tudo.

Exercício


Na oficina poemas escrevo
e meus sentimentos exponho.
Manter um estilo, me atrevo.
Só por teimosia componho.
Faço versos em redondilhas.
falo da vida em movimentos,
a métrica faz armadilhas,
as palavras são meus tormentos.
Releio os mais diversos poetas
e descubro novos modelos.
Estudo a poesia concreta
os símbolos são pesadelos.
Quando eu virar esta página
um novo poeta serei.
Sem regras mas com disciplina,
na linguagem, fora da lei.

Perdão


O que passou é passado
se o que eu fiz foi errado.
Deixa marcas e destrói.
Na vida presente
deve ser incorporado?
É alerta para futuros erros,
mas faz do pecador
um eterno condenado.
Só do amor pode vir a eterna salvação.
Num ato de pureza,
de abnegação, um decreto: perdão.
Perdão que encerra tudo.
E vira a página da antiga condição.
Adoça a vida futura,
tira o fel do coração.
Que o perdão
seja igualmente distribuído.
Para todos que erram.
À si mesmo, à qualquer inimigo.

Círculo da vida


Quando crescemos
nossas mães não são as mesmas.
As mães são, então,
mães dos meninos e meninas
que fomos um dia.
Hoje elas são nossas filhas,
junto com os filhos que já, ou não, tivemos.
Nós as protegemos,
criticamos e julgamos.
Neste círculo de parentescos
executamos a arte da vida.
Trocamos amor,
construímos lembranças.
Até que novamente,
brincando de avós
sejamos crianças.

Oficina


Levei meus poemas para uma oficina.
Quem diria, consertar poesia!
Nos meus sentimentos
nas minhas inquietações,
melhorar a gramática
fazer novas construções.
Tarefa árdua e difícil de digerir.
Todos matando meus versos
sem piedade. Poetas desleais.
Escuto com paciência.
Controlo meu desejo:
Dizer não, isto eu jamais mudaria.
Agirei com maturidade,
a escolha foi minha.
Os poemas mexidos serão outros,
outras versões.
Com novas correções.
Serei outro poeta.
Melhor ou mais flexível.
Serei incorrigível!

Pensando


A vida passa, entre domingos
aniversários e datas.
Arranco melancolicamente a
s folhas do pequeno calendário. P
enso na velhice, na solidão.
O tempo não tem pena
e cada um segue seu rumo.
Exercito metodicamente
músculos e cérebro.
Temo a paralisia, a inanição.
O que pára primeiro?
As mãos que escrevem,
a mente que cria?
Preciso fazer poesia!
Crio uma fórmula secreta:
Quando morrer, serei fantasma,
ficarei vagando nas bibliotecas
misturado aos poemas.
Andando pelos parques sentindo as flores,
as cores. Serei espírito poeta.

Poeta


Todo poeta é um pouco triste.
Fardo adquirido por um acordo divino.
Pelo dom de compor,
de entender o amor,
Mergulhar nos sentimentos é seu destino.
Todo poeta tem um pouco de ousadia
Vive a realidade com sonho e fantasia,
Atinge a maturidade sem deixar de ser criança
Enfrenta os desafios sem perder a esperança.
O coração do poeta é repleto de emoções,
Mas não possui escárnio ou falsidade,
Tampouco mente para criar ilusões.
Sede às vezes ao ódio, a revolta.
Desespera, percorre caminhos por teimosia.
Por fim, em paixão, faz versos com melodia.

Poeta ou poetisa


Aos homens foi dado o poder.
Eles puderam criar,
inventar e dominar.
Era deles a iniciativa,
o romantismo.
O mundo aos homens pertencia. E
ntão, um coração apaixonado,
talvez em Roma, na Grécia antiga,
em comparação com a pitonisa
chamou sua amada de poetisa.
Nos dicionários
poetisa é a mulher que faz versos.
Mas poeta, poeta é aquele que tem faculdades poéticas
e se consagra à poesia.
Aquele que faz versos.
Aquele que tem imaginação inspirada.
Aquele que devaneia ou tem caráter idealista.
Nestas definições existe poesia,
encantamento.
Respeito a harmonia do feminino e do masculino.
Paz entre os homens e mulheres
na sua inspiração mais secreta.
Mas admito, serei sempre poeta.

Meio-dia


Gosto de escrever ao meio-dia
Invadir sentimentos e viver melancolia.
Contar da tristeza ou da alegria
Um conto ou uma poesia.
Todos os pensamentos,
tudo em demasia.
Uma lembrança,
um tema, uma melodia.
A vida que passou em nostalgia
A vida que virá em fantasia.
Gosto de escrever ao meio dia.
É hora de sol ou de chuva,
é hora de magia.
Da manhã que já se foi,
da noite que será garantia.
Serão versos de utopia,
Serão sonhos sem covardia,
Serão poemas do meio-dia.

Poesia


Tenho na gaveta um soneto
Ditado por um profeta.
Um valioso amuleto.
No meu desejo de ser poeta.
Uso minha caneta
Como suave borboleta
A pousar meus sentimentos
Na mais linda violeta.
Nos meus versos mais discretos
Condenso minhas idéias
Criando meus loucos projetos.
No futuro, um livro fará alquimia
Misturando com sabedoria
Toda minha poesia.

Eu te amo


Os dias passam, contando o tempo.
Hoje, te amo de maneira diferente.
Não és o mesmo.
Sou outra pessoa.
No caminho do tempo,
que percorremos juntos,
somos melhores.
Mais sensíveis, mais amigos,
mais apaixonados.
Aprendemos com a vida,
aprendemos um com o outro.
Deixamos semente
em forma de filho,
de um amor para sempre.

Guerra


E a guerra começou
com data e hora marcada.
De todos os lugares
protestos, lamentos.
Notícias de dor, morte
a todo momento.
A guerra do bem contra o mal.
Do dinheiro, do poder.
O mundo assiste perplexo
julgando que nada pode fazer.
Quem será o próximo?
Os mais fracos ficarão exilados
ou dos mais poderosos
serão aliados?
Os homens, agora soldados,
morrerão, serão humilhados.
As crianças que morrerem...
E as que sobreviverem?
Serão diferentes?
Serão melhores, acreditarão na paz?
Dirão “não” a fome, a hipocrisia.
Investirão no bem,
nas novas tecnologias
a favor da vida.
Ou serão como nós:
- Homens que andam em círculos.
Quando parece que evoluíram:
Matam, escravizam.
Só provam que regrediram.

Prece


Se eu pudesse
Com meu desejo
Iluminar caminhos,
Trazer felicidade,
Curar doenças,
Semear o bem.
- Se eu pudesse
Com meu desejo
Ensinar o perdão,
Libertar do medo,
Saciar a fome,
Alegrar o coração.
- Se eu pudesse
Com meu desejo
Trazer esperanças,
Acabar com a mentira,
Evitar os crimes,
Construir a paz.
- Se eu pudesse
Com meu desejo
Ser a cada dia
Um pouco mágico,
Um pouco Deus...
- Eu posso.
Com meu desejo,
Com meus versos,
Com meu amor,
Ser um pouco mágico,
Ser anjo,
Ser um pouco Deus.

Palavras


Uma palavra não pensada
Por isso mais feroz
Fere como faca
Destrói como algoz.
Muda o destino
E marca toda a vida.
Fica na lembrança
Até a velhice,
Mesmo que tenha vindo
No tempo de ser criança.
A palavra que vem do coração
Carregada de raiva, de emoção,
Não tem volta.
Mil palavras depois
Não podem reverter
A antiga situação.
Mas palavras de amor,
Iluminam a vida,
Enchem o coração.
- Que as palavras possam decretar:
Não ao ódio, às guerras,
Às brigas, aos desamores.
Fim às mágoas,
A todos os temores.
Que as palavras façam músicas,
Versos, e que sejam atendidas como preces.

Nome


Nascemos e já temos um nome
nossa marca nessa existência,
que pode ser famosa
ou passar simplesmente.
Nome que pode ser substituído
por singelo apelido.
Nos causa constrangimento,
marca nossa vida e fica
até derradeira despedida.
O meu, por começar com "A",
Muitos problemas causou.
Por culpa da tal "ordem alfabética"
muitas vezes me arruinou.
A primeira da fila,
a primeira a responder,
a primeira a ser chamada.
Meu nome só mudava
quando minha mãe estava brava.
De Ana passava com ironia
a um contundente: Ana Maria.

Dia de inverno


Um toque de magia,
céu azul, sol, frio quando é primavera.
Uma combinação da natureza.
Flores de ipê, aconchego, inesperada beleza.
Contrariando previsões,
deixando confusos pássaros e plantas,
chove quando não devia,
faz frio quando não podia.
Quem inventou as estações?
No paraíso certamente é diferente.
Ou é como hoje, todos os climasem um só dia?
Aqui, é essa confusão.
E penso que só pode ser por mim.
É na minha rua que está o tapete de flores.
Na minha janela que bate o sol mais brilhante
é aqui que vejo o céu mais azul.

Assim não dá


Aqui dentro, no meu quarto,
eu tenho tudo para fazer poesia.
Uma janela, uma ventania.
O trem que faz o último dos barulhos do dia.
Uma porta.Uma porta aberta.
Talvez o único alerta
para me fazer parar.
Parar de sonhar,
parar de brincar,
parar de pensar.
Mas sem pensar eu não fico.
E o que fazer se quando penso me irrito,
implico, imito a cena de um capítulo de novela.
Um ato de uma cena de teatro,onde me retrato,
refrato meu brilho sem cor.
Procuro e não encontro uma resposta.
E não adianta fazer proposta,
não adianta comprar uma nova aquarela.
Não adianta querer fugir, nem mentir.
Não adianta dizer que não adianta.

A rua


Resolvi partir.
Peguei as minhas coisas
E desci pela rua deserta.
Muitas vezes eu havia imaginado
Essa minha partida
E sempre via a rua chorosa despedir-se de mim.
No entanto, ela se mantém em silêncio,
Insensível.
Lembro-me dos momentos que passei na rua.
Dancei, menti e amei na rua.
Ela, como que inatingível aos meus sentimentos,
Fica quieta.
Penso nas suas noites coloridas, a dona da festa.
O palco.
Ali, sem querer nada, era a parte mais importante do espetáculo.
De dia, uma rua confusa, perdida,
Usada pelos transeuntes.
Sentimental.
E agora finge que não sente nada ao me ver partir,
Ou simplesmente me observa, analisa.
Ri! Ri da minha despedida fria na madrugada.
Debocha da minha fuga.
Mas não reage, não discute, não me faz ficar.

Suave alucinação


É numa dessas tardes vazias e silenciosas,
Escurecidas pelo tempo chuvoso
Que eu me sinto mais frágil.
E essa fragilidade me torna triste.
Sinto falta de acreditar em mais alguma coisa.
Mesmo naquelas que eu sei verdadeiramente impossíveis
E com as quais já me conformei.
Tenho vontade de dormir mais um pouco,
De ficar olhando pela janela antes de sair.
Sinto vontade de poder sentir o que não consigo.
De falar a sério quando não for preciso.
É como se não fosse possível
Conviver com esse modo arranjado
Para bem viver.
Como se não fosse verdade,
Ser por ser, apenas.
A tarde morre e a noite chega.
Tudo com a tarde se vai.

Sombras


É no domingo que eu me preocupo.
Quando eu escuto os sons
De uma segunda-feira prematura,
Perdidos no fim de tarde.
Eu vejo o que faço do meu dia.
Minhas manhãs sonolentas.
Minhas tardes longas.
Minhas noites vazias.
Pela janela o sol se esconde.
Começa a aparecer um certo tom de escuridão
Que se molda aos olhos e aos sorrisos
Das pessoas que passam.É um novo rosto, para um novo dia.
Para outros dias.
Como se esse novo jeito, fosse mudar a vida.
Fosse torná-la mais séria, pela segunda-feira
Ou mais agitada por ser sexta-feira.
Mas nem com a nova expressão,
Pode mudar o coração.
Tento sorrir.

Solidão


Foi de olhos abertos,
Em plena luz do dia,
Que eu senti solidão.
Não foi por paixão,
Por sonho ou fantasia.
Não foi por querer.
Quando eu vi já sentia.
Não havia ninguém e eu até pensei
Que fosse falta de companhia.
Mera ilusão!
Os ruídos cessaram de repente
E por mais que eu tentasse
O som não aparecia.
Minha respiração me agoniava,
Meu coração batia tão baixo
Tão compassado, que me irritava.
Pensei em chorar, talvez adiantasse.
Talvez o mundo até parasse para me consolar.
Pensei em gritar, talvez ouvindo a minha voz ressoar,
Eu pudesse acordar e ver
Que era apenas um sonho.
Um sonho sem sentido.
Não gritei, não chorei.
O medo de não obter resposta foi maior,
E eu fiquei muito tempo só.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Meu gato


Tive um gato
bem preto preto, preto.
Disseram ser angorá.
Gato, coelho, cabra, sei lá.
Tinha um jeito engraçadinho
meu amigo negrinho.
Oito anos eu tinha
e não sabia assobiar,
o Totó não atendia
só o gato eu podia chamar.
Pelo pátio ele corria,
espiava e escondia.
Era danado e decidido
se eu gritava, ficava encolhido.
Quando cresci,
o negrinho não sei onde foi parar
fugiu com uma gatinha
para namorar ou casar.

Coelho de pano


Das bonecas que eu tive
algumas com nomes esquisitos
de nenhuma gostei mais
do que do meu coelho Carlitos.
Era de pano,
com olhos de botão
usava roupa remendada
não tinha dedos na mão.
Mas era muito carinhoso
e sempre queria brincar,
contava histórias comigo
gostava de navegar.
Na nossa velha banheira
escondida no jardim
conhecemos muitos países,
enfrentamos maremotos.
Dos piratas perigosos
roubamos muitos tesouros,
fizemos alguns prisioneiros
e salvamos todos os marinheiros.
As bonecas, dei para alguma menina.
O Carlitos, já costurado,
está na segunda geração.
Com a filha de uma amiga
dá aulas de navegação.

Varredor


Varrer,do início ao fim do dia.
Na sarjeta, na calçada,
pelas ruas escrever
com vassoura piaçaba.
Lá vai o varredor
empurrando seu carrinho
com o lanche pendurado.
Nos pedaços de papel
as histórias mal contadas
de uma vida atarefada.
Vem o vento leva tudo
recomeça a tarefa terminada.
Passa gente
pela rua
não enxerga
quem trabalha.
Joga fora o papel
meio amassado,
sem remorso,apressado.
Segue e varre na esperança
de um tesouro encontrar.
Um bilhete premiado
uma cédula amassada
ou moeda desprezada.
Busca sonhos colorido
sem um mundo diferente.
Quem varre
também sonha.
Tem na vida melodia.
Em seu varrer,
os pensamentos,
sua lida em poesia.

Poeminhos II


POEMA
Juntas, todas as letras
formam poemas,
nas cabeças dos anjos - diademas.
DA JANELA
Da janela a chuva eu vejo,
gota a gota
amanhã – o sol.
COZINHAR
Cheiro de bolo,
a casa perfumada,
família na mesa.
CHUVA
Vento muito forte
com chuva é tempestade.
Minha capa é sorte.
DÚVIDA
Eu sei onde ela mora,
a sua resposta perdida.
Na caixa de pandora.
COTIDIANO
O ônibus não pára.
Esperando vou pensando.
A vida me encara.
RELACIONAMENTO
Tentei, não deu certo.
Fizeste só um conserto
eu queria concerto.
INFÂNCIA
Bolo de maçã,
suco de maracujá.
Serei adulto amanhã.

Cotidiano


Na cozinha ela cumpre sua sina.
Sem mistério, sem encanto,
um cardápio a seguir.
Refogar, fritar, os temperos misturar.
É o ponto, o sal,
o sabor que agrade
ao mais exigente paladar.
A faca corta,
bate rápido, a salsinha, a cebola,
o tomate.
Cozinhando, a batata.
O feijão ficou de molho.
O arroz já escolhido.
Frita a carne
produzindo um aroma que dá fome,
arrebata. A sobremesa é pudim.
O que seria do alimento
se tudo fosse misturado,
o sentir, o pensamento,
de quem cozinha atormentado.
O tempo passa
perdida em sua lida pura e triste,
a cozinheira.

Poeminhos


BIENAL
Não entendeu,
eu sei, não faz mal,
é a roupa nova do rei.

FEIRA DO LIVRO
Possuir, dominar,
ter todos que eu puder,
um por um, devorar.

VIDA
A vida é breve,
muda como o vento,
derrete como neve.

IDOSO
Foi valente,
morreu quieto,
nem sequer ficou doente.

ESCRITOR
No papel uma chaga.
Linhas e palavras
a borracha apaga.

INCESTO
Pobre coração
não teve escolha
amou seu irmão.

Sonhar


Para ser feliz
é preciso querer em primeiro lugar.
Depois é só sonhar e acreditar.
Grandes sonhos podem demorar,
pequenos sonhos
se realizam todos os dias.
E quando eles acontecem
é como se já fizessem parte de nós.
Como se as dificuldades
não tivessem existido.
Incorporam-se a nossas vidas,
são reais, não são mais sonhos.
Só o fato de sonhar
já nos faz mais felizes,
pois torna o futuro possível.
Bons sonhos
podem pertencer a muitas pessoas
ao mesmo tempo
e podem gerar
uma grande onda de felicidade
ao virarem realidade.

Morte


Começo de uma nova vida?
Fim de tudo, caos, despedida.
Sem dia, sem hora marcada,
chega de repente
ou é pelos remédios adiada.
Palavra proibida, rumo inevitável.
Se fosse possível, seria melhor inverter:
Começar com a morte
e depois sobreviver.
Nascer velho e rejuvenescer.
Mas a natureza é sábia, divina.
É no auge da juventude
que devemos aprender
para então na velhice,
olhar para trás,
colher os frutos,
talvez se arrepender.
Mas alguns ainda jovens
pulam todas as etapas.
Sem explicação aparente,
sem nada dizer,
deixam esse mundo
e nada podemos fazer.
Sofre quem fica,
só tem alento,
se em outra vida acredita.

Um minuto


Um minuto é pouco tempo,
Um minuto é muito tempo.
É pouco tempo
Para dizer que te amo.
Para um jantar,Para um filme,
Para falarmos de nós.
Mas em um minuto
Podemos mudar irremediavelmente
Nossas vidas.
Podemos ajudar um amigo,
Tomar uma grande decisão.
Dar vários sorrisos
Ou ficar de cara feia
Até doer as rugas da testa.
Um minuto também é um bom tempo
Para pensar, todo dia...
Em como ser mais feliz.
Em um minuto também podemos
Ler uma poesia.
E mandar várias mensagens
Desejando que quem está lendo
Seja muito feliz.

Medo


Estou prisioneirodos meus medos
da minha mente.
Os monstros brotam,
crescem das sementes
que semeei nos meus pensamentos,
escuros, sombrios.
Os monstros do medo
são os mais terríveis e
difíceis de matar.
Rondam dia e noite
da hora de dormir ao acordar.
Nos levam a loucura
destroem nosso orgulho
nos fazem chorar,
desesperar.
E finalmente,na maior agonia,
emergir.Reagir e querer lutar.

O homem que mente


Ele é um homem que mente.
Vive em seu próprio mundo,
conta histórias diferentes
com enredos que lhe agradam
e deixam os ouvintes contentes.
As histórias são tantas
que ele mesmo atrapalha-se,
semeia mentiras feito plantas.
Incontrolável, as palavras espalha.
Mente sobre coisas importantes
e sobre coisas banais.
Sobre notícias, sobre trabalho.
Mente para ser feliz.
Ele não sabe porque é assim.
Realidade, fantasia, enfim.
Será por solidão?
Será que se perdeu?
Ou foi depois,que seu amor morreu.

Tristeza


Chovia lá fora.
E como sempre,
as noites de chuva
Fazem-me pensar.
Devagar elas vão me deixando triste
E meu rosto, como tudo lá fora se umedece.
Quando há chuva lá fora,
Também há chuva nos meus olhos.
Não que eu não goste dela,
No começo ela me acalma
Deixa-me tranqüila,
Com os sentimentos abertos a tudo que acontece.
Mas essa tranqüilidade me apassiva,
Antepõe-se aos meus movimentos.
Então, torno-me alvo de suas mágoas,
Objeto dos seus desencantos.
Antes de cada uma dessas noites
Eu prometo sair,
Prometo estar lá fora.
Mas elas me enganam
Brotam inesperadamente dos dias
Fazendo com que eu não possa fugir.

Uma porta


Abriu-se na esquina da rua escura

Uma porta clara.

Clara como a lua pintada de luz

Em dia de cheia.

Da porta clara saiu uma estrela.

Estrela guia da manhã.

E por ser noite, não ser dia,

A estrela da porta clara morreu.

Morreu dura na esquina escura.

E a estrela de outro dia,

Que dura havia morrido, ressuscitou.

Nasceu de novo, como eu diria.

Nasceu para brincar e zombar

Da esquina da rua.

Onde a noite agora

Por causa da estrela

Acabou.